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Editorial
O "samba do criolo doido"

Segunda, 30/08/2009

A julgar pelos acontecimentos políticos no sul do estado neste final de semana, a campanha eleitoral de 2010 na Bahia tende a ser um ”samba do criolo doido”. Teve democrata incentivando candidatura de peemedebista, socialista afagando democrata e “verde” - que teoricamente ainda faz parte da base aliada do governador -, amadurecendo a proposta de apoiar Geddel.

Tudo bem que assessores do prefeito de Itabuna, José Nilton Azevedo, que é do DEM, justifiquem os afagos a Geddel Vieira Lima como sendo um reconhecimento “ao ministro e não ao candidato”. Mas ir ao encontro estadual do PMDB, estrategicamente formatado para dar corpo à candidatura do partido, compor a mesa e ainda discursar, acabou causando uma certa confusão na cabeça do eleitorado itabunense.

Afinal, Azevedo apoiará o candidato do seu partido, o ex-governador Paulo Souto que, segundo diz por aí, pouco ajudou na campanha, ou vai para os braços daquele que foi decisivo para lhe garantir a eleição, ao condenar o apoio do ex-candidato Fábio Santana à Juçara Feitosa e migrar a estrutura do partido para lhe apoiar no momento eleitoral decisivo em Itabuna?

Em Ilhéus, a dúvida não é menor. Mas a estratégia de alguns grupos é de fazer inveja ao mais experiente político de Brasília. Newton Lima, que é do PSB de Lídice e de Leonelli, nutre uma paixão por Geddel, de quem já foi aliado. Tanto que além de manter, por telefone, contatos permanentes com o ministro, foi ao aeroporto dar-lhe boas vindas no último domingo, sem fazer estardalhaço e nem chamar a atenção da imprensa que cobre o mundo político da Bahia.

Enquanto Newton se agregava às hostes peemedebistas, o seu vice, Mário Alexandre, filho da deputada Ângela Souza - que apoia o governador na AL-, se encontrava silenciosamente com o ex-governador Paulo Souto. E não foi sozinho. Levou até secretário municipal de Newton Lima para acenar na festa de boas vindas e tratar o ex-governador como o nome preferido dos ilheenses na sucessão baiana.

Até o pequeno Partido Verde, participa da confusão. Ruy Carvalho chegará ao partido, apresentando sua preferência “disparada” pela reeleição do governador Jaques Wagner. Diz que vai trabalhar “25 horas por dia” pela continuidade de Wagner. Mas vai ter que arranjar um tempo, alguns minutinhos talvez, para conversar com outros integrantes do PV. Sugerimos que a conversa seja iniciada com o ex-vereador Paulo Roberto Cipá.

Na festa do PMDB em Itabuna, a presença de Cipá foi comemorada e anunciada como um novo e importante apoio ao ministro Geddel Vieira Lima. Se ele não negou é por que aceitou o anúncio feito no principal microfone do evento. Enquanto isso, em Salvador, o secretário estadual do Meio Ambiente, Juliano Mattos, reafirma que o partido se manterá firme em defesa da candidatura de Wagner em 2010.

Bem, deste “samba do criolo doido”, por enquanto, só se pode tirar uma certeza apesar das várias interpretações e dos ritmos que podem ser dados a ele: na terra do axé a música que neste momento faz sucesso nos bastidores da política é aquela incansavelmente tocada nas emissoras de rádio de todo o Brasil, que marca a relação de traição entre um casal simples da periferia, cujo refrão desenha o que é hoje fazer política na Bahia já pensando na sucessão de 2010: “você não vale nada, mas eu gosto de você”.
Bahiaonline