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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

SECRETÁRIO DE TURISMO, ONDE ESTÁ O PROJETO DESTA ÁREA?

O Cristo Redentor de Ilhéus Fonte:Baixaki

“Em novembro de 1942, o Prefeito Mário Pessoa inaugurou, na avenida Dois de Julho, o monumento ao Cristo Redentor. A estátua que se ergue sobre os rochedos situados à entrada da barra foi projetada pelo escultor italiano Paschoal de Chirico e executada pelos arquitetos Valdemar Tavares e Salomão da Silveira, com as seguintes características: 8 m de altura; 3 m de pedestal; 7,5 m de envergadura” (BRANDÃO; ROSÁRIO, 1970, p. 99, in NAZAL, 2005, p. 67). Em e-mail, Socorro Mendonça sugere que devemos conhecer a história do nosso Cristo. Concordo plenamente, ampliando a ideia. Precisamos conhecer nossa história, o que venho dizendo há exatos 16 anos, quando publiquei meu primeiro livro sobre a história de Ilhéus.

Por coincidência, hoje recebi a visita de um formando em história pela UESC, João Paulo. Veio me entrevistar sobre o patrimônio de Ilhéus (um detalhe: ele é itabunense). E me perguntou – professora, por que as pessoas de Ilhéus não cuidam do seu patrimônio? Fica a pergunta no ar…

Como na Ilhéus da primeira metade do Século XX copiava-se as coisas do Rio de Janeiro, suponho que tenha havido influência do Cristo Redentor daquela cidade “maravilhosa”.

O Cristo carioca foi concebido em 1921, para marcar a comemoração do Centenário da Independência do Brasil. No ano seguinte foi lançada a pedra fundamental do monumento e, em 1923, foi realizado um concurso para escolha do melhor projeto. A obra foi iniciada em 1926 e inaugurada no dia 12 de outubro de 1931. O monumento ao Cristo Redentor, no morro do Corcovado é a maior escultura art déco do mundo. Em 1973 o monumento foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN)*.

O Cristo de Ilhéus, muito parecido em sua concepção, com o do Rio, foi inaugurado em 1942, na avenida Dois de Julho, em área totalmente tomada ao mar. Foi colocado naquele local para abençoar e proteger os navegantes que entravam e saíam de uma barra cada vez mais rasa e traiçoeira, por causa do material trazido pelo rio. E é lá que deverá ficar.

De toda esta onda de mensagens pela internet, uma coisa me entristece. As pessoas nem sempre respeitam a opinião do outro. Podemos pensar o que quisermos, afinal, ainda vivemos em uma democracia e o pensamento é um lugar que é só nosso; que o outro só tem acesso se permitirmos. Nas opiniões contrárias, muitas vezes percebo certo sarcasmo e muita desunião.

Se são poucos os que brigam pelo patrimônio de Ilhéus, com certeza estou incluída neste grupo. Falei quando a Disbave “assassinou” a casa construída pelo suíço Robert Durand, quando demoliram os armazéns do cais do porto, a fábrica de chocolate Vitória. Acredito que devemos preservar nossa história para reforçar nossa identidade, acho que devemos discutir estes assuntos, mas nunca diminuir quem pensa diferente de mim. É por isso que não vamos para lugar nenhum.

São Luis do Paraitinga, em São Paulo, vai reconstruir a igreja derrubada pela enchente do rio, está reconstruindo a cidade. Aqui a gente manda derrubar nossa história…

Em abril deste ano escrevi uma matéria publicada nesta mesma página, Desabafo do Patrimônio, em que eu dizia o seguinte: “Também aconteceram momentos de sofrimento e de questionamentos. Um destes momentos foi quando a Disbave comprou a casa de D. Alina Carvalho, que havia sido construída pelo seu esposo, o suíço Robert Durand, para transformá-la em concessionária. Fiquei revoltada e publiquei matéria sobre o assunto. O tempo mostrou que eu estava certa, o empreendimento deu no que deu. Destruíram a casa, não colocaram nada no lugar. Também me revoltei quando teve início a demolição da fábrica de chocolate e disse isto publicamente”.

E João Paulo me perguntou: “o que podemos fazer para mudar esta mentalidade?” Acredito que pela educação, respondi. Precisamos ensinar nossas crianças a valorizarem nossa história e nosso patrimônio. Ensinar a pensar a democracia: “não concordo com uma palavra do que dizeis, mas, defenderei até a morte, vosso direito de dizê-la” (Voltaire). E, quem sabe, num embate democrático, onde prevalece não só a vontade da maioria, mas a de quem tem maior poder de convencimento, possamos sair da discussão que não leva a lugar nenhum, para cedermos um pouco e sairmos do mesmo lugar em que nos encontramos, desde a crise do cacau. É o que ardentemente espero.

Maria Luiza HeineEusinio2

Foto da casa do prefeito Eusinio Lavigne na praia do Cristo

antes da construção da avenida Dois de Julho

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