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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

NA MOSCA...


Quinta,16/09/2010

UMA RÁPIDA VISÃO DOS POLÍTICOS

Samuel Celestino

Gosto de política, duvido dos políticos e sou apartidário. Considero todas as legendas do sistema pluripartidário brasileiro deformações legais, imersas em vícios, que exigem uma reforma política urgente.

O PT, por exemplo, já emitiu, em outras épocas, sinais de que seria uma legenda renovadora. Virou geleia geral. Os “300 picaretas” citados por Lula, também em outras épocas, ou se evaporaram perdendo eleições, ou morreram, ou, como “picaretas”, se abrigaram à sombra de quem melhor lhes ofereceu vantagens. Dissiparam-se entre os partidos. Inclusive filiando-se ao próprio PT e aos seus aliados.

Luiz Inácio Lula da Silva, autor da revelação dos “300 picaretas da Câmara” quando exercia mandato de deputado nos anos 80, hoje não está nem aí. Não levantou palha para combater a corrupção ou desvios na política. Até no seu partido, onde assistiu, ausente, sem nada saber ou ouvir, à banda passar, instrumentalizada pelos mensaleiros. Observa-se, agora, um novo arrepio, dos muitos já registrados, supostamente em dose dupla: dentro do Palácio do Planalto, onde habita Erenice Guerra, chefe da Casa Civil, que lá foi posta por Dilma Rousseff, que a fez sua sucessora no cargo ao deixá-lo para cumprir os desígnios de Lula, que pretende fazer dela – e certamente o fará – a sua sucessora. É uma ciranda interminável de vícios, que me leva a ter ojeriza crônica aos políticos. Nem todos, claro.

Qualquer pessoa minimamente inteligente reconhece esta verdade. Menos os radicais, interesseiros no poder e no erário. Como o voto é obrigatório (preferia que fosse facultativo), melhor tentar acertar escolhendo candidatos, e não votando pelos partidos. Quaisquer deles.

Muito bem. Digo isso porque Lula acaba de dar uma ordem, semelhante à de Cantão, o Velho, do antigo império romano. Uma espécie de “Delenda Cartago” (“Cartago precisa ser destruída”, frase que encerrava sempre os discursos de Catão, no senado de Roma). Era um brado de vingança contra o exército cartaginês que derrotou o império numa das batalhas das guerras púnicas.

O presidente disse o seu “delenda DEM”, em Joinville. Suas palavras inadequadas que lançam suspeitas sobre os seus propósitos políticos foram: “O DEM precisa ser extirpado”. Se assim diz, creio que todos os partidos também deveriam. Delenda tudo. Ora, quem me acompanha, quem acompanha o meu jornalismo, sabe que não gosto do DEM, que se origina na Arena dos ditadores; mudou para PDS; virou PFL; transmudou-se em DEM e, agora, está diante de um possível fracasso eleitoral que o fará minguá-lo. Combati o PFL de ACM e a Arena na ditadura. O DEM precisa ser extinto?

Diria que sim. Mas, também, as demais legendas, com algumas exceções. Elas nasceram com propostas enganosas, com dogmas, conceitos, prometendo um caminho ético de combate à corrupção, contra o empreguismo, o paternalismo, o nepotismo, a mentira, as promessas de campanha, tudo embrulhado num pacote enganatório. Com o tempo, todos assumiram os mesmos defeitos e as mesmas formas. Por quê? Explico com o ditado que não canso de citar: “Na corrida para os cofres públicos, todos os gatos são pardos”.

Aliás, praticamente José Dirceu disse isso na segunda-feira última aqui em Salvador, deixando ainda no ar críticas a Dilma e a dos “generais” do aliado PMDB, José Sarney e Renan Calheiros.

Repercutiram nacionalmente as suas considerações sobre a fragilidade política de Dilma e a comparação que fez entre ela e Lula. O PT se desviou dos seus princípios sacramentados nas portas das fabricos do ABC paulista e nas Comunidades Eclesiais de Base, além de ter apoio de intelectuais, que logo divergiram da legenda. Perceberam que a legenda mudara de caminho, de rota. O PT é farinha do mesmo saco onde se encontram as demais legendas. Igual ao DEM; igual e irmanado ao PMDB (de Sarney e Calheiros), que foi partido quando a sigla era MDB e até aluir, juntamente com a cidadania, a ditadura militar.

É semelhante ao PDT, que nasceu à sombra de Leonel Brizola ao perder o seu PTB, fundado por Getúlio Vargas, por manipulações do general Golbery do Couto e Silva, bruxo político da ditadura. E sobre o PCB, que de socialista já não tem mais nada? E o PCdoB, dos comunistas de outrora que agora estão no mesmo barco. E o PSDB, que nasceu do ventro do PMDB para ser puro, ético, social-democrata e virou mingau? E o velho partidão, denominação do PCB? Enfim, não sobra um (acima, citei exceções, já não as faço). PSOL, PV? E os nanicos negociados nos balcões da política, no atacado e no varejo?

Porque Lula hoje resmunga se teve oito anos para fazer reforma política para a mudança séria (é possível?) e chutou o pau da barraca? Simplesmente para não ir de encontro aos interesses dos aliados e do próprio PT? Mais. Os deputados não têm interesse na reforma de modo a garantir seus mandatos e não tocar nas suas bases eleitorais, com a mudança do sistema, por exemplo, para o voto distrital. Mais ainda: porque só extirpar o DEM, que merece e fato sê-lo, mas não somente esta legenda?

Lula fala demais, enquanto sua candidata prefere não falar para não se enrolar. Serra espalha antipatias, embora seja experiente. Plínio Arruda Sampaio quer estatizar o Oceano Atlântico. Marina não tem densidade, embora a tenha muito mais que Dilma. E assim é.

Em outras épocas, o voto nulo foi uma arma. Numa democracia, não pode nem deve ser. Um pouco mais, para encerrar: eles são fisiológicos, sofrem transmutações e são atacados pelo vírus do poder que, depois de inoculado, a cura só ocorre quando são derrotados nas urnas. Quando tal acontece, experimentam nova metamorfose. Passam a ser humildes, mas não desistem de perseguir o poder. Quando não o conseguem, envelhecem frustrados à procura de qualquer sombra. Então, dá-se a última metamorfose: transformam-se em puxa-sacos de quem estiver ronronando em almofadas palacianas.

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